Muito se tem falado da atual situação do União de Leiria,
que é desastrosa. Vou, então, salientar alguns tópicos importantes sobre o
assunto.
- Árbitro(s). Marco Ferreira não é um
árbitro que seja do meu agrado pelo trabalho que exerce (muito pelo contrário),
mas, no Leiria – Feirense, não teve trabalho, leia-se sanções disciplinares, a
fazer. Jogo quase sem faltas, e aí há o mérito das três equipas.
- Jogadores da UD
Leiria (os que compareceram). Profissionais, no verdadeiro sentido da
palavra. É verdade que foram, principalmente, emprestados e juniores. Mas, num
barco a se afundar qual Titanic, qualquer pessoa que se atreva a remar no
sentido contrário e desafie as adversidades, arrisca-se a ser denominado de
herói. Uma equipa que, a jogar 8 contra 11, sofre o 1º golo aos 45+1’, perdem
«apenas» por 4-0 e resistem 90’, merecem tal etiqueta. No final, os guerreiros
abraçaram-se, num sinal de camaradagem.
- Jogadores do
Feirense. Ganharam num cenário fácil e no qual qualquer resultado que não a
vitória seria impensável, ainda para mais sendo o Feirense outra das equipas
que lutam pela manutenção. Mas, no final, cumprimentaram, elogiaram e
confortaram os seus adversários de ocasião, mas colegas de profissão, mostrando
que o fair-play ainda existe.
- Adeptos leirienses.
Grandes, simplesmente grandes, aqueles que compareceram na Marinha Grande,
sabendo, antes do início do jogo, que a sua equipa estava 90% condenada à
descida e que o espetáculo que daí sairia poderia ser humilhante para as suas
hostes. Aplaudiram e torceram pela equipa cada vez que um ataque adversário não
resultava em golo, como se estivessem na final da Champions e a ganhar 1-0.
Enormes.
- Jogo contra o Benfica. O
Leiria perdeu, no passado fim-de-semana por 0-4 frente ao Feirense. Em casa.
Com 8 jogadores, durante 90 minutos, o que fez com que as forças, quer nos
juniores quer nos emprestados que apareceram, começassem a faltar. O Benfica,
apesar de uma época que desiludiu a nível interno, é uma equipa grande,
consegue ser entusiasmante, agressivo e infernal na sua casa. Se os jogadores
do Leiria se atreverem a pôr os pés no relvado da Luz, alguém se atreve a
prever um resultado? Eu aposto num score
de 12-0…
- UD Leiria. Com
salários em atraso, descida de divisão como caminho mais provável, rescisões de
contratos, mudança de estádios, dívidas atrás de dívidas e um clube que às
vezes parece afastado da população da região, alguém consegue ver um futuro
risonho?
- João
Bartolomeu: Mesmo podendo ter razão na sua luta,
pergunto-me: como é que um presidente demissionário se atreve a chamar a alguns
jogadores desertores?
- Joaquim Evangelista
e Mário Figueiredo. Destes artigos no Reflexão Portista (artigo
1| artigo
2) ficamos a conhecer certas “curiosidades” que acontecem quando clubes com
salários em atraso defrontam o Benfica. E, no intervalo do tal Leiria vs
Feirense, Mário Figueiredo deu uma
entrevista, na qual afirmou, entre outros assuntos, que a implementação do
fair-play financeiro será brevemente uma realidade, e que os salários nas duas
principais divisões do futebol português eram demasiado elevados para a
realidade económica do país. Disse também que já tentou mudar esse aspeto, mas
que o presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol não partilha dessa vontade (“O presidente da Liga adiantou também que Joaquim
Evangelista «tem uma proposta de revisão do contrato coletivo de trabalho, que
está em cima da mesa dele há mais de um ano, à qual ele não responde».”).
- Keita
(jogador do Leiria). Incluído na ficha de jogo e equipado
adequadamente para a prática do futebol, não chegou a pisar o relvado. Chegou-se
a suspeitar que este jogador teria recebido uma mala com a qual teria fugido, e
no interior da qual existiriam cerca de seis mil euros. Foi alvo de críticas
por João Bartolomeu em declarações transmitidas na televisão, mas negou o
sucedido e, convenhamos, o presidente da SAD leiriense poderá dar-se como sortudo
se Keita não o processar por calúnias…
- Futebol português.
Casos como o do Leiria (salários em atraso) passam, por vezes, incólumes. No
mesmo momento em que Leiria e Feirense jogavam, houve desacatos nos Barreiros
(no União da Madeira – Leixões), pois, após a expulsão de um jogador dos
visitantes, os adeptos da equipa de Matosinhos invadiram bancadas de adeptos
unionistas, causando o pânico e levando à intervenção da Polícia. Se a isto
juntarmos muitas outras polémicas (como declarações inflamatórias de dirigentes
e jogadores, a estúpida hipótese da alargamento numa Liga parcialmente falida,
a constante aposta em estrangeiros de qualidade duvidosa em vez de jovens
valores portugueses e da formação, estádios megalómanos às moscas, o fosso que
separam os clubes pequenos dos grandes, a pouca competitividade do nosso
campeonato e arbitragens, que levam a que árbitros sejam ameaçados
pessoalmente, vejam dados pessoais publicados na internet e se recusem a apitar),
chegamos a perguntar-nos: o que se passa com o nosso futebol?